Friday, October 22, 2010

Política...

...num dia da primavera de 2002, vesti pela primeira vez a farda da minha empresa: calças de sarja azul escuro anti-ácido, casaco a condizer com toques de verde e uma camisa azul clara, com uma certa transparência.

Já não usava camisas interiores desde a infância, a função era cumprida por toda e qualquer t-shirt cuja gola estivesse aceitável, arrancada das gavetas à sorte.

Nesse dia, num misto de assombramento e orgulho por finalmente ter saído do gabinete (após 6 meses de trabalho de secretária), cheguei ao final do dia sujo, suado e satisfeito. Despedi-me cordialmente dos operadores que me olhavam com um misto de curiosidade e troça da massa tenra com que se deparavam.

JAF: Até amanhã...
Operador: Até amanhã... e cumprimentos ao seu camarada Garcia Pereira!

Caraças...será que ele me tinha visto em criança nas marchas do 1º de Maio? Será que ele sabia que a minha avó acendeu durante anos o fogão a lenha com panfletos do MDP-CDE do maestro Vitorino de Almeida?

Cheguei ao balneário, lavei a cara e no meu reflexo vi a camisa suada a transparecer a t-shirt do dia. Tinha inscrito nela "HASTA LA VITÓRIA SIEMPRE", a estrela vermelha da boina daquele argentino destacava-se no meu peito. Souvenir que uma amiga me trouxe do Avante!. Evento a que de resto nunca assisti.

Embora um dos meus desportos favoritos seja ser advogado do diabo do liberalismo económico, suspeito que da fama de vermelho não me livrei.

Hoje, eu não tenho cor...a direita e a esquerda não me interessam, quero apenas competência técnica.

Perguntei a uns recém-conhecidos belgas o porquê do país deles sem governo não cair no rating.

Corrigiram-me, não têm um governo eleito, mas têm um governo de gestão, logo não pode tomar grandes decisões, o que pelo menos evita que se façam grandes asneiras.

Não vou entrar em detalhes de tudo o que está mal, o governo não é o único culpado, há anos que as nossas famílias (e o Estado, e a banca) não resistiram ao crédito e lucro fácil e desrespeitaram os limites do endividamento e agora os anos de folia estão a desabar e não é devagarinho...

Mas o que mais me surpreende nestes tempos são algumas medidas que são absolutamente incompreensíveis e dessas, a que para mim é a mais emblemática da incompetência técnica, não nos morde a nós portugueses directamente.

O modelo de pagamento de portagens para estrangeiros deve ter feito mais danos à imagem do país do que anos de reclames do turismo com o CR7, o Mou e a fadista escanzelada possam compensar. Portugal, o país inventor da Via Verde...

Por isso, se fosse galego e quisesse ir largar o IVA ao Porto diria que abaixo de Valença está tudo insano. Ia a Madrid ao IKEA. O aparelhómetro dá para a gasolina e ao menos o IVA fica em Espanha.

Nos EUA já se trabalha para restaurar a sanidade:
"“I’m mad as hell, and I’m not going to take it anymore!”


Who among us has not wanted to open their window and shout that at the top of their lungs?
Seriously, who?
Because we’re looking for those people. We’re looking for the people who think shouting is annoying, counterproductive, and terrible for your throat; who feel that the loudest voices shouldn’t be the only ones that get heard; and who believe that the only time it’s appropriate to draw a Hitler mustache on someone is when that person is actually Hitler. Or Charlie Chaplin in certain roles.
Are you one of those people? Excellent. Then we’d like you to join us in Washington, DC on October 30 — a date of no significance whatsoever — at the Daily Show’s “Rally to Restore Sanity.”
Ours is a rally for the people who’ve been too busy to go to rallies, who actually have lives and families and jobs (or are looking for jobs) — not so much the Silent Majority as the Busy Majority. If we had to sum up the political view of our participants in a single sentence… we couldn’t. That’s sort of the point.


Think of our event as Woodstock, but with the nudity and drugs replaced by respectful disagreement; the Million Man March, only a lot smaller, and a bit less of a sausage fest; or the Gathering of the Juggalos, but instead of throwing our feces at Tila Tequila, we’ll be actively *not* throwing our feces at Tila Tequila. Join us in the shadow of the Washington Monument. And bring your indoor voice. Or don’t. If you’d rather stay home, go to work, or drive your kids to soccer practice… Actually, please come anyway. Ask the sitter if she can stay a few extra hours, just this once. We’ll make it worth your while."
Mais, já se trabalha para ridicularizar quem acha que restaura a sanidade não é necessário:






"America, the Greatest Country God ever gave Man, was built on three bedrock principles: Freedom. Liberty. And Fear — that someone might take our Freedom and Liberty. But now, there are dark, optimistic forces trying to take away our Fear — forces with salt and pepper hair and way more Emmys than they need. They want to replace our Fear with reason. But never forget — “Reason” is just one letter away from “Treason.” Coincidence? Reasonable people would say it is, but America can’t afford to take that chance.
So join The Rev. Sir Dr. Stephen T. Colbert, D.F.A. on October 30th for the “March to Keep Fear Alive“™ in Washington DC. Pack an overnight bag with five extra sets of underwear — you’re going to need them. Because, to Restore Truthiness we must always… Shh!!! What’s that sound?! I think there’s someone behind you! Run!"

Por cá há bastante para restaurar...

No comments:

Post a Comment